domingo, 13 de novembro de 2016

Prelúdio de Natal


Tudo principiava 
pela cúmplice neblina 
que vinha perfumada 
de lenha e tangerinas 

Só depois se rasgava 
a primeira cortina 
E dispersa e dourada 
no palco das vitrinas 

a festa começava 
entre odor a resina 
e gosto a noz-moscada 
e vozes femininas 

A cidade ficava 
sob a luz vespertina 
pelas montras cercada 
de paisagens alpinas. 

David Mourão-Ferreira, in 'Antologia Poética' 

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