quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A VELHA DA GATA E A GATA DA VELHA
Uma velha tinha um gato
e o gato tinha uma velha
mas o gato que a velha tinha
tinha a tinha que tinha a velha.

E não era gato, era gata.

A velha da gata
de velha que era,
sofria da telha ou da pinha
e a gata da velha, de tão velha,
já era velhinha.

A velha, de velha, já andava de gatas
e a gata já andava de velhas.
Quando a velha andava de gatas
parecia a gata da velha,
e como a velha dobrava a espinha
a gata queria comer a espinha da velha.

Tudo pela gata ter tinha
e a velha sofrer da pinha.

Quando a gata chorava,
a velha miava.
Ficava sem se saber
qual era a gata ou qual era a velha
que debaixo da cama vinha,
em cima da cama estava,
debaixo da cama dormia,
e por cima ressonava.

A velha tinha fôlego de gata!
E junto à cabeceira
a gaita de foles estava.
Quando a velha gaiteira
tocava na velha gaita,
chorava a gata da velha
por causa dos foles da gaita.

A velha que tinha gôta
caiu no goto da gata
morrendo a gata de gôta,
ficando a velha gótica
sem gôta e sem gata.

Mas como ainda tinha tinha
e sobra a velha telha,
juntou-se a tinha na pinha
e morreu careca a velha.

António Fernando dos Santos

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