sexta-feira, 10 de outubro de 2014

 "SIM, NÃO, SIM, NÃO", PATRICIA JOYCE

 

Sim, não, sim, não
Senhor limpinho, senhor porcalhão

Sim, não, sim, não
Vida e morte, berço e caixão

Sim, não, sim, não
Pequena casinha, grande casarão

Sim, não, sim, não
Uns com gato, outros com cão

Sim, não, sim, não
Senhor bonzinho, senhor mauzão

Sim, não, sim, não
Borboleta no ar, lagarta no chão

Sim, não, sim, não
Brincadeira hoje, amanhã não

Sim, não, sim, não
A fazer  um problema, para saber a solução

Sim, não, sim, não
Rapaz simpático, rapaz zangão

Sim, não, sim, não
Cores coloridas, sombras de escuridão

Sim, não, sim, não
Aquela é a mulher, e este o homenzarrão

Sim, não, sim, não
Menino a trabalhar, menino mandrião

Sim, não, sim, não
Hoje menino, no futuro homenzarrão

Sim, não, sim, não
Riso e choro, na loja do João

Sim, não, sim, não
Voar até lá cima, cair para o chão

Sim, não, sim, não
Em baixo rapazinho, em cima rapagão

Sim, não, sim, não
Ele diz sim e eu digo não

"UMA ESTRELA NA MÃO", MANUEL BERNARDES

Com guache
 E aguarela
Pinta-se uma estrela!

Mas o melhor 
É ir à noite
Olhar o céu
E vê-la...

Ou até subir
Subir...
Subir lá acima
E pegar nela!
BRINQUEDO,  MIGUEL TORGA
 Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
 

"UM CÃO", MARIA CÂNDIDA MENDONÇA

Conheci um cão,
Que falava, 
Que escutava, 
Que cantava,
 Que brincava,
que ladrava,
Que fazia o pino,
E que era um grande dançarino.
Que jogava à bola,
Que perdia,
Que ganhava,
Que estudava
E que andava comigo na escola.
E que tal?
Era ou não uma perfeição de cão?
Não acreditam?
Não faz mal
Era um cão de imaginação.


"PORQUÊ?"

Quando construo uma torre
Uma ponte ou coisa assim 
Dizem-me: "Está muito linda!
Mas é preciso arrumar
Todos os cubos no fim!"

E ninguém diz ao meu pai
Para arrumar a papelada
Que ele deixa no escritório
A toda a hora espalhada.

"CONVERSA DOS DEDOS"




Querem saber os segredos
Que em conversa ouvi aos dedos?
Fala o maior, mais pimpão:
Tenho fome, quero pão.
respode o pulgar: Não há!
Mas deixa estar Deus dará!
E o dos anéis que é medraço:
Pede-se a alguém um pedaço
Ou furta-se, ainda é melhor
Lembra mais o indicador.



"DIREITA E ESQUERDA"

 Esta mão é a direita
A esquerda é está mão
Com esta digo sim
Com esta digo não.

Levanto a direita ao céu
aponto a esquerda p`ro chão 
Agora que já as conheço
Já não faço confusão.


 

 

"O DENTINHO", MARIA ISABEL MENDONÇA SOARES




Já sabem? Caiu-me um dente!
Um destes aqui da frente.
Pareço mesmo um velhinho...
Foi este dente o primeiro.
Mas o meu pai ensinou-me
Que o pusesse atrás da porta
para que de noite um ratinho
Me desse em troca dinheiro.
Assim fiz. Hoje acordei
E encontrei no seu lugar
Uma moeda a brilhar!
Tenho muitos outros dentes
Que ainda faltam cair.
Portanto se multiplico
Os dentes pelas moedas
Daqui a pouco estou rico.

"Prisioneiro", Sidónio Muralha

Numa gaiola de pau
um pica-pau
fica mau.

Fica
mau,
fica,
e o pau
pica
o pica pau.

"A ARANHA TECEDEIRA"

 

Fia, fia a tua teia
Tece, tece arnha feia!
Trabalhas e não descansas, 
Enquanto as moscas bailando
Só querem festas e danças.
Aí delas se distraídas 
Vierem cair na rede
Que teces na parede.

"QUERES IR À LUA", ALICE GOMES

Cabrito
Bonito
Saltito
Saltão
É um brincalhão
Trepa ao penedo, sem medo
Corre pelo monte,
Corre pela pradria,
Esquece o sustento
Não pensa na fonte,
Porque bebe o vento 
E come alegria.
Dá saltos tão altos
Parece que flutua.
Tantos sobressaltos
Dá a mãe aflita
que ela chora e grita:
Oh! Filho meu!
Mas que ousadia a tua!
Pois queres subir ao céu?
Queres ir à lua.

"RATINHO TONTO"

O ratinho tonto
Nunca olha para o chão
E a toda a hora
 Dá um trambolhão.

No degrau da escada
Deixou um patim,
Pôs-lhe um pé em cima
Plim, pim, catrapim!

Não será tolice
Colocá-lo
Outra vez ali
No mesmo lugar?

"BICHINHO DE CONTA", MARIA ROSA COLAÇO


Debaixo da pedra
Mora um bichinho
De corpo cinzento
Muito redondinho.

Tem medo do sol
Tem medo de andar
Bichinho de conta
Não sabe contar.

Muito redondinho
Rebola no chão
Rebola na erva 
E na minha mão.

Rebola e é bola
E não sabe saltar
Bichinho de conta 
E não sabe cantar.

" BICHINHO DE CONTA", SIDÓNIO MURALHA

 

Bichinho de conta
  conta…  
E o bichinho de conta
  contou  
que um dia se enrolou 
  e parecia 
  um berlinde pequenino
  de tal maneira
  que um menino
  de brincadeira
  com ele jogou…
Bichinho de conta
conta…  
E o bichinho de conta
  contou.

In Bichos, Bichinhos e Bicharocos de  Sidónio Muralha  com ilustrações de Júlio Pomar e músicas de Francine Benoit

"JOANINHA AVÔA-AVÔA", MARIA ROSA COLAÇO

Joaninha pequena
Pousada no malmequer 
Pergunta àquela menina
Que coisa quer ela ter.

Menina, minha menina
Do saiote do riscado 
Queres um palácio de oiro
ou um anel encantado?

Só queria ser como tu
Só queria ser uma flor:
Nada quero joaninha
 Nada quero meu amor.

"O GALO"

 

Eis sua excelência
O senhor D. Galo!
E as galinhas todas
Vão cumprimentá-lo!

Revirando o olho
Sacudindo a crista,
O galo vaidoso 
Só quer meter vista.

Mas os fanganotes
Fazem ar de gozo:
Não ligam nenhuma
Ao pretencioso!!!

"O PIRILAMPO"


 Ontem por trás da janela
Vi brilhar um farol
Pensei: "Que luz é aquela?"
Que não é lua nem sol?"

Luzia no parapeito
A pequena faísca
Vi então um pirilampo
A acender o pisca-pisca.

Marsupial, Alice Gomes

Ó mamã  – canguru
tens tanta sorte!
Escusas de juntar
como qualquer mamã-mulher
no seu baú
camisas
casaquinhos
fraldas
mantas
e tantas
tantas peças de agasalho
que dão
peças de agasalho
que dão tanto trabalho
a coser
a lavar
a remendar! …
Tu
canguru
transportas para o baú
dentro da própria pele
forradinho de pelo
que te aquece
e aquece o teu menino.
Lá o guardas
resguardas.
És muito fino
canguru.
Ninguém resolve o caso como tu.

"Aquário", Alice Gomes

Vivia no mar largo
e era feliz
feliz.
Sabia os sítios seguros
onde os maiores e mais duros
não podiam atacar
não o podiam caçar
não o podiam comer.
E continuava a viver.
Quando nadar o cansava
uma alga procurava
e dormia um bocadinho
e a onda que o embalava
era amiga do peixinho.
A onda amiga ondulava
enquanto o acalentava
aquecia
arrefecia
e para longe o levava.
Tão longe
tão vasto o mundo…
o seu mundo!
Tão largo, alto e profundo!...
Que alegria de nadar!
Mas um dia aconteceu
que um fenómeno se deu:
foi pescado
foi levado
para fora do seu mar
para longe do seu lar
transportado
bem fechado
numa prisão de cristal.
E
se não lhe fizeram mal
se o não comeram com sal
está muito descontente
nessa prisão transparente
à vista de toda a gente.

Peixe no Aquário, Maria Rosa Colaço

 
 
Que tristeza a vida
na casa fechada
com búzios fingidos
com areia pintada.

Que saudades do vento
que saudades do mar
que saudades do sol
da água a cantar.

Que raiva ser peixe
em sala de gente
tudo o que é igual
deixa-me doente.

Era melhor um anzol
era melhor uma rede
os dias sem aventura
não matam fome nem sede.

Partam a caixa de vidro
tirem a postiça paisagem
deixei-me ao mesmo espaço
para a última viagem.

"O PIRILAMPO" MARIA ROSA COLAÇO




Nos dedos da noite
Sou uma lanterninha
Pareço uma estrela
Que viaja sózinha.

Nas horas serenas
Cheias de calor
Eu pouso nos ramos
Na terra e na flor.

E vivo contente
 Com a minha sina 
Basta-me esta luz
Mesmo pequenina.

É tudo o que espero
não peço mais nada:
Ser o sol que baste
Para a minha estrada.


"INSECTO", ALICE GOMES




A lagarta comia
             comeu 
             comerá
a polpa doce de uma pêra.

Já farta de comer, de digerir
Procurou uma fresta para dormir.

E dorme
Dormirá
Dormiria
Tanto de noite como em pleno dia.

Durante o sono mudou forma e cor
Já não parece bicho mas uma flor. 


"CONSULTA", MARIA ALBERTA MENERÉS



Um senhor doutor
Colheu uma flor
Para pôr ao peito 
E todo vaidoso
Foi para o consultório 
 Muito satisfeito!
Chegou um doente
E disse o doutor:
Eu tenho uma flor!
Eu tenho uma flor!
E disse o doente:
Eu tenho uma dor!
Eu tenho uma dor! 


"MENINA VESTIDA DE NOITE", 

MARIA ROSA COLAÇO

Menina de preto
Tão triste! Tão nua!
Corpinho de fome
Olhinhos de lua 

De lua de luto
Da lua de dó
Menina de preto
Tão triste! Tão só!

Menina, menina
Tão rica de nada
Dá a tua mão 
 de flor desfolhada

Dá-me a tua mão
Vem ver a vida
Manina calada 
De preto vestida.
 

"XADREZ, SIDÓNIO MURALHA



É branca a gata gatinha, 
É banca como a farinha.

É preto o gato gatão,
É preto como o carvão.

 E os filhos, gatos gatinhos,
São todos aos quadradinhos.

Os quadradinhos branquinhos
Fazem lembrar a mãe gatinha,
Que é branca como a farinha.
Os quadradinhos pretos,
Fazem lembrar o pai gato, 
Que é preto como o carvão.

Se é branca a gata gatinha,
E é preto o gato gatão,
 Como é que são os gatinhos? 

Os gatinhos eles são,
São todos aos quadradinhos.

"AMARELO", MARIA ALBERTA MENÉRES E ANTÓNIO TORRADO

Tenho muitos inimigos
Caluniam-me; Insinuam-me:
"Que seria do amarelo
Se não houvesse o mau gosto? 
Fico amarelo de raiva.
E agora nesta tribuna,
Tenho a grande oportunidade
De os desmacarar,
Só lhes grito na minha voz clara:
- Gema;
- Sol;
- Ouro!!!
Com este argumentos os desfaço!

"VERMELHO", MARIA ALBERTA MENÉRES E ANTONIO TORRADO

Eu sou o vermelho
E sei o que quero
Há quem me chame encarnado
Mas eu gosto mais 
Da cor do meu sangue.
Não só nas flores existo, 
Ouçam o que diz a Joaninha: 
Falem em mim, falem em mim.
E então eu? - alvoroça-se o rabanete,
Parte-se a melancia desesperada:
Não se iludam, não se iludam
Olhem-me para o coração!
Comtemplo-os a todos 
São o meu território,
São o meu mundo.
Mas o que seria eu sem eles.


"PINTAS COM TINTAS"

Fiz uma pinta
Com tinta.
Pintei o sol,
Pintei o mar
E todas as coisas
Que possas pensar.
Uma pinta amarela - o sol
Uma pinta verde - o mar
Uma pinta vermelha - o morango, 
Que te dei para merendar.
Agora é a tua vez,
Tens que ser tu a pintar.
Uma pinta rosa - a violeta
Uma pinta escura - o gavião
Com pintas de muitas cores
Tu pintas o coração.

"A BOLA AMARELA", RAQUEL DELGADO

 

O sol é uma bola amarela
Que gosta das rosas,
Que gosta do mar
E da primeira andorinha
Que possa voar
O sol gosta de mim,
O sol gosta de ti, 
O sol gosta de todos os meninos
Que vê a brincar.



  





 



AS FIGURAS GEOMÉTRICAS
 
SOU O CÍRCULO, BALOIÇO NA LUA, SOU O MAIS BONITO LÁ DA MINHA RUA.
 SOU O TRIÂNGULO, TENHO TRÊS BIQUINHOS, DE CHAPÉU EU SIRVO PARA OS PALHACINHOS.
 SOU O QUADRADO BONITO DE MAIS, TENHO QUATRO LADOS TODOS IGUAIS. 
 SOU O RECTÂNGULO CRESCI MAIS DE UM LADO PARA FAZER INVEJA AO SENHOR QUADRADO.