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BRINQUEDO, MIGUEL TORGA



Brinquedo
Foi um sonho que eu tive
Era uma grande estrela de papel
Um cordel
E um menino de bibe
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel
E o menino ao vê-la assim, sorriu

E cortou-lhe o cordel.
O VERÃO, OLAV BILAC


Sou o verão ardente:
Que, vivo e resplendente,
Acaba de nascer;
Nas matas abrasadas,
0 fogo das queimadas
Começa a se acender.

Tudo de luz se cobre...
Dou alegria ao pobre;
Na roça a plantação
Expande-se, viceja,
Com a vinda benfazeja
Do próvido* verão.                      * abundante, cheio

Sou o verão fecundo!
Nasce no céu profundo
Mais rutilo o arrebol...
A vida se levanta...
A natureza canta...
Sou a estação do sol!

Coro das quatro estações:
Que calor, irmãs! Cantemos
Como ardem as ribanceiras
Cantemos, irmãs, dancemos,

À sombra destas mangueiras.
A PRIMAVERA, OLAV BILAC



Eu sou a primavera!
Está limpa a atmosfera,
E o sol brilha sem véu!
Todos os passarinhos
Já saem dos seus ninhos,
Voando pelo céu.

Há risos na cascata,
Nos lagos e na mata,
Na serra e no vergel*:              *jardim, pomar
Andam os beija-flores
Pousando sobre as flores,
Sugando-lhes o mel.

Dou vida aos verdes ramos,
Dou voz aos gaturamos
E paz aos corações;
Cubro as paredes de hera;
Eu sou a primavera,
A flor das estações!

Coro das quatro estações;
Cantemos! Fora a tristeza!
Saudemos a luz do dia:
Saudemos a natureza!

Já nos voltou a alegria!
O INVERNO, OLAV BILAC



Sou a estação do frio;
0 céu está sombrio,
E o sol não tem calor.
Que vento nos caminhos!
Trago a tristeza aos ninhos,
E trago a morte à flor.

Há névoa no horizonte,
No campo e sobre o monte,
No vale e sobre o mar.
Os pássaros se encolhem,
Os velhos se recolhem
À casa a tiritar.

Porém fora a tristeza!
Em breve a natureza
Dá flores ao jardim:
Abramos a janela!
Outra estação mais bela
Ja vem depois de mim.

Coro das quatro estações:

Cantemos, irmãs, dancemos!
Espantemos a tristeza!
E dançando, celebremos
A glória da natureza!


O OUTONO, OLAV BILAC


    
Sou a sazão* mais rica:       *o mesmo que estação
A árvore frutifica
Durante esta estação;
No tempo da colheita,
A gente satisfeita
Saúda a criação,

Concede a natureza
O prêmio da riqueza
Ao bom trabalhador,
E enche, contente e ufana,
De júbilo a choupana
De cada lavrador,

Vede como do galho,
Molhado inda de orvalho,
Maduro o fruto cai...
Interrompendo as danças,
Aproveitai, crianças!
Os frutos apanhai!

Coro das quatro estações:

Ha tantos frutos nos ramos,
De tantas formas e cores!
Irmãs! Enquanto dançamos,
Saíram frutos das flores!
 A Minha Casinha

Fiz uma casinha
de chocolate,
tapei-a por cima
com um tomate.
Pus-lhe uma janela
de rebuçado
e mais uma porta
de pão torrado.
Pus-lhe um chupa-chupa
na chaminé;
a fazer de neve,
açucar pilé.
A minha casinha
bem saborosa…
comi-a ao almoço.
Sou tão gulosa!


Luisa Ducla Soares, Poemas da Mentira e de Verdade


Chove chuva
Chuva chove.
Chove chuva
Chove cá.
Já choveu
Uma chuvada
Numa chávena de chá.

Numa chávena de chá.
Numa chávena chinesa.
Chove chuva
Chuva chove.
No chá da D. Teresa.

Chove chuva
Chuva chove.
Chove chuva
Chove cá.
Já estou farto de chuva.
Quero tomar um chá.


António Mota 

O INVERNO



O INVERNO BATEU À PORTA,
TROUXE COM ELE CHUVA E FRIO,
AS NUVENS TAMBÉM VIERAM
A ÁGUA SUBIU NO RIO.

AS CRIANÇAS BRINCAM LÁ FORA,
JÁ VESTEM ROUPAS DE LÃ,
CALÇAM GALOCHAS E LUVAS,
QUANDO SAEM DE MANHÃ.

A MÃE ARRANJA O CASACO
O GORRO E A CAMISOLA
MESMO COM O TEMPO FRIO
EU GOSTO DE IR À ESCOLA.

ANA CRISTINA CORREIA, EB1 DE S. MIGUEL, VISEU